O que era uma simples viagem em família, com pai, mãe, filha, avó e sonhos realizados em conhecer a tão famosa cidade de Londres, se transformou em uma odisséia cheia de frio, neve, confusão e adrenalina.
Passamos quatro dias para conhecer a Inglaterra uma semana antes do Natal de 2009, antes de ir para França encontrar alguns parentes que moram lá, e alguns outros que iam direto do Brasil. Chegamos no fim da noite, já vimos coisas diferentes desde a hora que saímos do trem (Eurostar / o trem subterrâneo que chega de Paris a Londres em duas horas, em altíssima velocidade).
Pegamos um táxi totalmente diferente do que estamos acostumados: um carro alto (que depois descobrimos que foi construído para os homens de antigamente entrassem sem ter que tirar o chapéu), o motorista estava dirigindo do lado direito do banco, e a parte de trás do carro tinha espaço para 4 pessoas sentarem (duas de frente e duas de costas). Chegamos no hotel, conhecemos muitas pessoas bacanas, comemos a melhor sopa para tentar esquentar do inverno europeu, e assim começava nossa viagem (ainda normal, de início).
Nos próximos dois dias conhecemos o Big Bang, o Museu do Cinema (uma homenagem aos muitos atores ingleses, aos Beatles, desenhos, personagens, roupas originais dos filmes), a roda gigante, o castelo da rainha, andamos de ônibus vermelho de dois andares, erramos caminhos, acertamos caminhos, vimos cabines telefônicas vermelhas em cada esquina, Museu de cera Madame Tussauds, a loja Harrods (cujo dono é o ex-sogro da princesa Diana, e por isso fez uma homenagem à ela e o ex- namorado que morreram juntos), vimos toda a cidade decorada e enfeitada com luzes de Natal, pessoas charmosas andando, neve caindo, e muita alegria. Pegamos um dia e fomos também para a cidade de Oxford conhecer a pequena cidade que parece cenário de filme (e de fato, um dos castelos foi usado para gravar as cenas do refeitório dos filmes de Harry Potter).
Tudo perfeito e maravilhoso! Até que no café-da-manhã do último dia, após a nevasca da madrugada, vimos na televisão que o Eurostar tinha parado por complicações do gelo, os aviões também parados pelo mesmo motivo e nenhuma solução para os que queriam passar o Natal em outro país. Ou seja, a gente começou a se ver em um “pequeno grande” problema.
Como iríamos sair da Inglaterra para passar o Natal com nossa família na França? Fomos até o terminal do trem, e estava uma confusão de imprensa, pessoas dormindo no chão, pessoas brigando entre elas para buscar soluções, e nada resolvido. Depois de muitas horas, nos disseram que poderíamos ir até tal cidade de trem convencional, e depois pegar um navio que era a única alternativa para sair do país. Mas o detalhe é que todo mundo recebeu a mesma informação, então foi um salve-se quem puder. Saímos correndo, entramos no trem, e a cada parada já não sabíamos em que cidade estávamos. Talvez tínhamos que descer desse e entrar em outro, com malas e tudo... Mas não sabíamos, era hora de usar a intuição e seguir em frente.
Chegamos na cidade do porto, e para chegar até o navio foi mais uma aventura. Poucas e pequenas vans levavam os turistas, além dos táxis que já estavam lotados de gente! Por rapidez dos meus pais, quando uma das vans parou, um colocou as malas, sentou e avisou os demais que já tínhamos completado o espaço. Quando vimos, também tinha outro casal la dentro, que continuou porque coubemos todos. Começamos a falar em português, e o homem à nossa frente continuou a conversa também em português. Descobrimos que o Hélio era descendente de português, e sua mulher Vivi, era romena. Foi a melhor coisa que nos aconteceu, conhecer esse dois anjos!
Eles vivem na França, e nos ajudaram muito com o idioma francês e com a noção territorial, que não tínhamos porque nunca havíamos ido para esse canto. Uma fila imensa e mais confusão para comprar as passagens do navio, porque se acabavam rapidamente... Esperamos algumas horas até chegar nossa vez, e agora para qualquer situação, eles nos tratavam como família e já contavam como seis pessoas. Comemos, passamos frio, e fomos de ônibus até o porto.
Chegando lá, mais algumas horas de espera para chegar o navio e sair da cidade de Dover na Inglaterra. Depois de mais ou menos uma hora e meia chegamos na França (mas a gente não queria só chegar na França, e todos precisávamos ir para Paris).
Vivi se aquecendo |
Ao chegarmos na estação, soubemos da notícia que a cidade era tão pequena que já não havia mais espaço em nenhum hotel e nenhum táxi disponível. Dada situação de calamidade que todos estavam vivendo, a polícia e o governo francês deram água e lanche para todos nós. Passamos frio, mas depois de algumas horas conseguimos um hotel para dormir por algumas poucas horas, porque no dia seguinte tínhamos que tentar partir para Paris.
Até hoje mantemos contato com essa família maravilhosa, e ultimamente eles contaram a novidade que tiveram uma filha linda chamada Aênaelle.
Muito obrigada aos nossos amigos internacionais!
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